Synopsis
Miragens é fruto do desassossego. Viceja na conjunção do ser com um conteúdo de incertezas e uma atmosfera de perplexidades, fugas e confinamentos instalados na pandemia. Uma condição na qual abruptamente se desfazem posições anteriores e costumeiras, quando então todos se voltam para o seio das habitações.
O panorama doméstico desdobra-se diante do olhar da persona-autora, convidando-a à exploração, à dedicação mais demorada aos recantos, objetos ou eventos ali adstritos. Valendo-nos da voz de Quintana ao dizer: "Amar é mudar a alma da casa", Persona faz sentir que escrever também é mudar a alma da casa.
O despovoamento das ruas e cidades projeta a força enigmática do deserto para dentro da alma. Os vazios passeiam. É a hora de ir e vir pelos vastos terrenos da morada, por esses desertos não materializados, mas que ofertam inúmeras experiências estéticas e permitem capturar, a cada piscar de olhos, as mais terrivelmente corriqueiras incitações.