Paracatu Rural - Jornal do agronegócio

O setor leiteiro atravessa um momento crítico, gerando grande preocupação entre produtores e entidades do segmento. A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) chama a atenção para as dificuldades enfrentadas por quem depende da atividade e cobra respostas urgentes das autoridades. Segundo o presidente da entidade, Marcos Tang, a crise atual é consequência da falta de fiscalização nas importações e da inexistência de políticas eficazes para proteger os produtores brasileiros. Acompanhe na reportagem de Nestor Tippa Junior, da Agência AgroEffective.

O mercado do boi mostra sinais de aquecimento, com valorização nos preços e oferta reduzida de animais. Bezerros de qualidade alcançaram média de R$14 o quilo vivo, enquanto as bezerras seguem com forte procura, variando entre R$11 e R$11,50, o que equivale a arrobas de até R$340. A novilha gorda, mais escassa, tem sido negociada a R$9 o quilo, com expectativa de valorização até dezembro. Já o boi gordo enfrenta escalas curtas de abate e menor volume de compras, levantando dúvidas sobre a disponibilidade de garrotes para a segunda safra de confinamento. Com a chegada das chuvas e perspectivas positivas, o setor antecipa um cenário de preços firmes e boa rentabilidade para o restante de 2025.

O setor de carnes segue em ritmo acelerado nas exportações e já registra recordes históricos em 2025. Segundo dados da Secex, nos primeiros 13 dias úteis de outubro, foram embarcadas mais de 201 mil toneladas de carne bovina, com projeção de ultrapassar 330 mil toneladas até o fim do mês. O acumulado anual já soma 2,35 milhões de toneladas. A carne de frango também mantém forte desempenho, com mais de 315 mil toneladas exportadas em outubro, acumulando novo recorde. Vlamir Brandalizze faz um balanço sobre as exportações de carnes do Brasil ao longo do mês.

O mercado do feijão registra recorde histórico de exportações em 2025, com embarques próximos das 450 mil toneladas, mas enfrenta um período de acomodação em outubro. Após avanços nas cotações em setembro, o ritmo de negócios desacelerou e os preços recuaram, especialmente para o feijão carioca comercial, que caiu entre R$10 e R$25, variando de R$180 a R$215 a saca, a depender da praça. Já o feijão carioca nobre segue escasso, com valores entre R$240 e R$260. O setor aguarda retomada da demanda no varejo para reaquecer as reposições. Vlamir Brandalizze avalia os últimos acontecimentos do mercado.

O mercado do arroz atravessa um dos momentos mais críticos das últimas décadas, com excesso de oferta, preços baixos e dificuldade de escoamento. No Rio Grande do Sul, principal produtor do país, as cotações variam entre R$53 e R$60 a saca, refletindo um cenário de fragilidade que se estende também a Santa Catarina. A indústria alega falta de caixa para formar estoques e enfrenta dificuldades para reposição no varejo, onde os pacotes são vendidos por até R$13. Vlamir Brandalizze ressalta que a falta de apoio de políticas públicas e a pressão de dívidas vencendo, agravam a situação dos produtores.

Apesar da boa qualidade da safra nacional, o mercado do trigo segue pressionado por excesso de oferta global e preços internacionais deprimidos. Com a colheita avançando no Paraná e iniciando no Rio Grande do Sul, os preços internos continuam baixos, variando entre R$1.100 e R$1.200 por tonelada, em meio à concorrência com trigo importado mais barato. A safra brasileira é estimada em 7,5 milhões de toneladas, frente a uma demanda projetada de 12 milhões. Vlamir Brandalizze destaca a projeção de produtores de que o mercado pode reagir apenas a partir de fevereiro, com possibilidade de valorização de até 25%.

Apesar da menor influência da China nas negociações globais, o mercado do milho mostra firmeza tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. As exportações brasileiras se aproximam de 27 milhões de toneladas no acumulado do ano, com 3,5 milhões apenas em outubro. A expectativa é superar o volume de 6,4 milhões embarcados no mesmo mês de 2024. Internamente, Vlamir Brandalizze destaca que a crescente demanda dos setores de ração e etanol, além da pressão de compra dos exportadores, têm sustentado os preços e pode levar o país a um novo recorde histórico de consumo.

Em meio à expectativa de uma possível reaproximação entre Estados Unidos e China, o mercado internacional de soja voltou a ganhar fôlego. A reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, prevista para esta semana na Ásia, pode destravar negociações sobre a soja americana. Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, ressalta que as cotações no mercado de Chicago já registram valores na casa dos US$11 por bushel.

O mercado de feijão segue em ritmo lento, com poucos negócios e falta de produto mais valorizado pelas empacotadoras. A ausência desse grão de qualidade superior está desorganizando a formação de preços e gerando incertezas no setor. Enquanto isso, o feijão preto mantém preços estáveis, apesar da previsão de uma safra menor. O presidente do IBRAFE, Marcelo Lüders, aponta boas perspectivas para o consumo global e destaca a necessidade de fortalecer o abastecimento interno antes de expandir exportações.

Mesmo com leve alta nos contratos futuros na B3 e na Bolsa de Chicago, o mercado físico do milho no Brasil segue com pouca movimentação e preços estáveis. Produtores mantêm cautela na comercialização, à espera de valorização, enquanto compradores atuam apenas para suprir necessidades pontuais. A volatilidade do câmbio, o clima instável e a falta de dados oficiais dos EUA, devido ao shutdown, aumentam a incerteza. Nos Estados Unidos, apesar da previsão de menor produção na safra 25/26, os estoques finais elevados compensam a oferta reduzida, o que mantém o cenário de preços pressionados. Quem avalia os últimos acontecimentos no mercado do milho é o agente autônomo de investimentos, João Santaella Neto.

O mercado global do algodão encerrou a semana entre os dias 13 e 17 de outubro pressionado por excesso de oferta e fraca demanda, em meio à crescente incerteza gerada pelo shutdown do governo dos Estados Unidos. Os contratos futuros na Bolsa de Nova York registraram queda, com o contrato dezembro/25 recuando 1,15%. Apesar de fundamentos altistas, como a possível redução da área plantada no hemisfério sul, tensões geopolíticas e a competitividade do algodão brasileiro no mercado asiático, a demanda global segue retraída. Lício Pena, que é diretor executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (AMIPA), ressalta que a paralisação dos relatórios oficiais do USDA e o corte no acesso a créditos agrícolas também acentuam a pressão sobre os preços no mercado físico.

A terceira semana de outubro começa com fortes chuvas e calor intenso pelo Brasil, fatores que impactam diretamente o mercado do café. A alta umidade favorece o pegamento das floradas, mas a instabilidade climática pressiona os preços na Bolsa de Nova York, que reage com volatilidade. Os preços do Arábica, ao longo da segunda semana de outubro, subiram 6,5%. O economista Haroldo Bonfá, da Pharos Consultoria, também destaca a espera, por parte dos cafeicultores, dos dados da colheita no Vietnã. Seu início deve acontecer entre o fim de outubro e início de novembro. 

Os valores de derivados do leite têm registrado uma redução gradual e contínua nos últimos meses, resultado do enfraquecimento da demanda diante de uma oferta abundante. Apesar de moderada, a queda tem se mantido estável. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), essa tendência de baixa nos preços já dura três meses consecutivos.Rafael Mendonça, direto da redação, traz mais informações.

A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) reforçou um alerta ao setor arrozeiro quanto à necessidade de manter rigor na classificação e rotulagem do arroz, especialmente diante do momento delicado vivido pela cadeia produtiva. A entidade recomenda que as indústrias beneficiadoras e o varejo ajam com responsabilidade, evitando condutas que possam prejudicar o consumidor e afetar a confiança no arroz produzido no Brasil.Acompanhe a reportagem de Nestor Tippa Júnior.

A Comissão Mista destinada à análise da Medida Provisória do setor elétrico (MPV 1304/2025) discutiu o armazenamento de energia em sua última audiência pública no dia 16 de outubro. Representantes do setor debateram o armazenamento por hidroeletricidade e baterias químicas e afirmaram que a atividade é a solução para diminuir os impactos da crise do setor. A próxima reunião do grupo será para votação do relatório. Lana Dias tem mais informações direto da Rádio Senado.

O projeto que busca resolver uma insegurança jurídica centenária para produtores rurais em áreas de fronteira (PL 4.497/2024) recebeu críticas na Comissão de Agricultura do Senado. Os senadores José Lacerda (PSB-MT) e Augusta Brito (PT-CE) apresentaram uma emenda, alegando que o substitutivo do relator, senador Jaime Bagattoli (PL-RO), é juridicamente inadequado e fere a Constituição.A repórter Maria Beatriz Giusti tem mais informações direto da Rádio Senado.

A Comissão de Meio Ambiente do Senado aprovou requerimento da senadora Leila Barros (PDT-DF) para realizar audiência pública sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Pesca. O debate vai contribuir para a análise do projeto de autoria do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que propõe modernizar a legislação pesqueira e fortalecer a sustentabilidade da atividade no Brasil.Henrique Nascimento tem mais informações direto da Rádio Senado.

Em seminário da Comissão de Indústria, Comércio e Serviços, participantes defenderam a atualização dos tetos de faturamento dos microempreendedores individuais (MEIs) e do Simples Nacional, congelados desde 2018. Também foi discutida a necessidade de novas regras para coibir fraudes. Lucas Ribeiro, da empresa Roit, sugeriu limitar a isenção de impostos do Simples a um período de 5 anos, como forma de incentivar o crescimento das empresas com prazo definido.Sílvia Mugnatto tem mais informações direto da Rádio Câmara.

Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, representantes do setor de transporte criticaram a nova metodologia do Ministério da Agricultura para rastreamento de agroquímicos, alegando que a medida não foi discutida com o setor e pode aumentar os custos do transporte. O diretor jurídico da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, Marco Aurélio Ribeiro, destacou experiências negativas anteriores com rastreamento de cargas em São Paulo. A repórter Maria Neves tem mais informações.

De acordo com a Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, a captação formal no Brasil totalizou 6,502 bilhões de litros no segundo trimestre de 2025, avanço de 9,4% em relação ao mesmo período de 2024. Os estados que mais contribuíram para o resultado nacional foram Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Minas Gerais manteve a liderança, com 1,55 bilhão de litros no trimestre, crescimento de 5% em relação ao mesmo trimestre de 2024. O Paraná aparece em seguida, com pouco mais de 1 bilhão de litros e alta expressiva de 13,4%. Santa Catarina, por sua vez, registrou 824 milhões de litros, incremento de 8% na mesma base de comparação.E você sabe de onde vem o leite brasileiro? Para que possamos ter uma noção mais detalhada sobre os polos de produção do país, vamos trazer um bate-papo entre Glauco Carvalho e Samuel Oliveira (pesquisadores da Embrapa), onde eles falam sobre os 100 principais produtores lácteos das bacias brasileiras.