Paracatu Rural - Jornal do agronegócio

Os mercados do boi e do bezerro seguem aquecidos com forte demanda e preços em alta nos leilões pelo Brasil. O bezerro Nelore tem sido negociado entre R$13 e R$14, enquanto bezerra de qualidade já alcança até R$12 por quilo vivo. A novilha também ganha destaque, impulsionada pela procura de criadores para inseminação e engorda rápida, com o boi gordo atingindo R$ 300 por arroba. Apesar do otimismo, o leiloeiro Moacir Naves orienta os pecuaristas a terem cautela, já que a chegada da nova safra de bezerros, prevista para dezembro, pode ajustar os preços no curto prazo.

Com oferta reduzida e expectativa de reação na virada do mês, o mercado do feijão se mantém em compasso de espera. O feijão carioca nobre é negociado entre R$215 e R$260 a saca, enquanto o feijão comercial varia de R$180 a R$215. Vlamir Brandalizze explica que a baixa disponibilidade de produto e a proximidade do fim do ano devem impulsionar a demanda do varejo e aquecer as compras do empacotador nas próximas semanas.

O setor brasileiro de carnes segue imbatível nas exportações, registrando recorde histórico em outubro. A carne bovina atingiu 276,5 mil toneladas embarcadas em apenas 18 dias úteis, superando o total de outubro de 2024, enquanto o frango e o suíno também devem fechar o mês com novos recordes. Vlamir Brandalizze faz um balanço dos dados das exportações, com destaque para o boi, que deve trazer novas margens de lucro para os pecuaristas.

O mercado do arroz segue travado, à espera de medidas do governo para gerar a liquidez prometida ao setor. Com grande volume ainda nas mãos dos produtores e fraca demanda no varejo, os preços permanecem estáveis, entre R$54 e R$55 por saca em casca na região do Uruguai. As exportações estão em baixa, com apenas 11,5 mil toneladas de arroz em casca embarcadas até outubro. Vlamir Brandalizze destaca alguns dos fatores que seguem travando o setor.

O trigo começou a ganhar fôlego nos mercados internacionais, com os contratos de julho de 2026 voltando a se aproximar dos US$ 6 por bushel. No Brasil, a produção deve alcançar 7,5 milhões de toneladas, mas a forte importação mantém os preços internos pressionados entre R$ 1.100 e R$ 1.200 por tonelada. Quem atualiza o cenário do trigo brasileiro é Vlamir Brandalizze.

O plantio do milho de verão do Brasil chegou a 85%, com clima favorável e previsão de produção entre 25 e 27 milhões de toneladas. As exportações brasileiras seguem firmes, acumulando 28,5 milhões de toneladas embarcadas e mais de US$ 1 bilhão em receita até outubro.  Vlamir Brandalizze chama a atenção para as vendas do cereal em novembro. A tendência é que o ritmo seja intenso já que dezembro é marcado pela falta de fretes.

O mercado da soja vive um momento de forte recuperação, com cotações em Chicago nos melhores níveis desde abril e futuros de julho de 2026 próximos de US$ 11,30 por bushel. O avanço das negociações entre China e Estados Unidos e a nova queda dos juros americanos animaram os investidores. Já o Brasil segue firme nas exportações: são 99,3 milhões de toneladas embarcadas até outubro, com expectativa de novo recorde mensal. Quem comenta esses números é Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

A colheita das primeiras lavouras de feijão em São Paulo começou, com cerca de 15 mil hectares em produção e expectativa de 30 mil toneladas, segundo análises de mercado. O produto recém-colhido, vendido rapidamente, foi comercializado entre R$ 265 e R$ 280 a saca, enquanto o setor monitora o avanço da colheita sob previsão de chuvas que podem atrapalhar os trabalhos no campo.O presidente do IBRAFE, Marcelo Lüders, explica que embora a expectativa inicial fosse de preços próximos a R$ 300 em São Paulo, o cenário de oferta elevada e substituição por outras variedades conteve a valorização. No entanto, os preços do carioca podem subir moderadamente até o fim do ano, refletindo uma possível redução na área plantada para 2026.

O mercado do milho encerrou a terceira semana de outubro com leve valorização nos contratos futuros, enquanto o mercado físico permaneceu praticamente estável em todo o país. Na B3, o contrato de novembro fechou a R$ 68,47 e o de janeiro a R$ 71,40, impulsionados por movimento técnico de reversão e menor oferta imediata. O agente autônomo de investimentos João Santaella Neto ressalta que os produtores mantêm cautela nas vendas, à espera de preços melhores, enquanto consumidores compram apenas volumes pontuais.

O mercado internacional do algodão manteve-se em patamares baixos entre 20 e 24 de outubro, pressionado pela fraca demanda global, pela incerteza geopolítica e pela paralisação parcial do governo dos Estados Unidos (shutdown). Apesar do quadro de fraqueza, fatores pontuais podem dar suporte aos preços. Lício Pena, diretor-executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão, destaca a liberação de recursos de apoio aos produtores americanos, o aumento do preço doméstico do algodão na China e a possível reunião entre Donald Trump e Xi Jinping no fim de outubro.

O café arábica encerrou a terceira semana de outubro cotado a US$ 4,03 por libra-peso para dezembro de 2025, após atingir a máxima de US$ 4,27, movimento que gerou pânico entre compradores e expectativa de uma nova tendência de alta, que acabou não se confirmando. Apesar disso, o preço acumulou alta de 1,5% na semana, em um cenário marcado por instabilidade climática nas regiões produtoras de Minas Gerais e pela previsão de chuvas volumosas após dias de seca. O economista Haroldo Bonfá, da Pharos Consultoria, faz um balanço dos acontecimentos que marcaram o mercado cafeeiro e projeta o que deve impactar nos preços ao longo das próximas semanas.

O setor brasileiro de carnes vive um momento histórico, com recordes de exportação em todas as proteínas — bovina, suína e de frango — e forte entrada de divisas, que já somam cerca de R$12 bilhões em 2025. O mercado do boi, mesmo em semana de estabilidade, mantém preços firmes entre R$310 e R$320 por arroba no mercado paulista, impulsionado pelo ritmo acelerado das vendas externas, que já ultrapassam 250 mil toneladas em outubro. As exportações de carne de frango também devem superar as 400 mil toneladas no mês, enquanto o segmento de suínos se aproxima das 95 mil, ambos acima do desempenho do mesmo período do ano passado. Vlamir Brandalizze faz um balanço dos dados parciais de outubro das carnes brasileiras.

Após semanas de queda, o mercado do feijão começa a dar sinais de recuperação, impulsionado pela escassez do feijão carioca nobre e pela expectativa de retomada da demanda no varejo. Em algumas praças, os preços do grão de maior qualidade já superam R$260 a saca, chegando a R$270 em casos pontuais, enquanto o feijão comercial volta a ser negociado entre R$190 e R$220. O feijão preto também interrompeu a trajetória de baixa e começou a reagir, com cotações entre R$135 e R$160 no Paraná. Vlamir Brandalizze prevê que, com as reposições do varejo e o bom ritmo das exportações, o mercado mantenha tendência de valorização até o início de novembro.

O mercado do arroz recebeu um alívio parcial nesta penúltima semana de outubro com o anúncio da liberação de R$ 300 milhões pela Conab para programas de apoio como AGF, PEP e PEPRO, voltados principalmente ao Rio Grande do Sul, o estado mais afetado pela pressão de preços. A medida deve auxiliar o escoamento de até 600 mil toneladas do grão, mas representa menos de 10% do total que ainda está nas mãos dos produtores, o que limita seu impacto sobre o setor. Vlamir Brandalizze explica que o desafio do mercado segue sendo gerar liquidez para aliviar o excesso de oferta e reequilibrar os preços no varejo. 

O mercado do trigo reagiu positivamente às novas sanções internacionais envolvendo Estados Unidos e Rússia, acompanhando a alta das commodities. Contudo, enfrenta no Brasil um cenário de pressão sobre os preços devido ao recorde de importações. O excesso de trigo estrangeiro, favorecido pelo câmbio e pelos preços internacionais mais baixos, já soma 5,5 milhões de toneladas importadas no ano, o maior volume da história, o que limita a reação das cotações internas. Vlamir Brandalizze projeta que o mercado deve se manter pressionado até o início de 2026.

O mercado do milho traz consigo um cenário de recuperação nos preços e estabilidade na produção, impulsionado pela alta do petróleo e pelo avanço da colheita americana. Em Chicago, os contratos futuros mantêm fôlego, com expectativas de novas valorizações à medida que o inverno se aproxima nos Estados Unidos e pode afetar o ritmo da colheita. No Brasil, o plantio da safra de verão avança rapidamente e deve atingir cerca de 4 milhões de hectares, com produção estimada entre 25 e 26 milhões de toneladas. Já a perspectiva para as exportações segue positiva. Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, ressalta que há potencial para superar o volume recorde do ano passado diante da forte demanda externa e do ritmo acelerado dos embarques.

As negociações entre China e Estados Unidos seguem em ritmo lento e abaixo das expectativas, mantendo o mercado internacional em alerta e influenciando diretamente as cotações das commodities. Novas sanções impostas por Washington à Rússia, em meio à pressão europeia por um embargo total ao gás russo e à decisão da Índia de suspender importações de petróleo do país, fizeram o preço do barril disparar cerca de 5%, impulsionando também a soja. No Brasil, a colheita avança enquanto o plantio da safra 2025/26 atinge 35%, com ritmo mais acelerado no Paraná e Mato Grosso. Vlamir Brandalizze comenta que mesmo com o recorde histórico de exportações, a comercialização interna segue abaixo da média histórica.

O mercado global de café acompanha com atenção a reunião marcada para domingo, dia 26 de outubro, entre representantes do governo brasileiro e Donald Trump, na Malásia. O tema central é a possível retirada do café brasileiro da lista de produtos tarifados pelos Estados Unidos. A notícia, divulgada pela CNN Brasil, coincidiu com o momento em que os contratos do café em Nova York atingiram o pico do ano e passaram a realizar lucros. O agente autônomo de investimentos João Santaella Neto aponta que a expectativa é por uma eventual isenção da tarifa, reduzindo a pressão sobre o setor exportador e aliviando preços internos.

O café atingiu nesta quinta-feira (23) a máxima histórica na Bolsa de Nova York, com o contrato dezembro chegando a 437 centavos de dólar por libra-peso, impulsionado pela volatilidade do mercado e pela atuação de fundos de investimento. O movimento refletiu a combinação entre temores de novas tarifas dos Estados Unidos sobre a Colômbia, o segundo maior produtor mundial de arábica, e ajustes técnicos após sucessivas altas. O agente autônomo de investimentos João Santaella Neto ressalta que o mercado segue sustentado por fundamentos firmes e pela expectativa de decisões políticas que podem alterar o fluxo global do café.

A política de Crédito Rural foi criada para incentivar o desenvolvimento da produção rural no Brasil. Como política pública, os recursos concedidos devem ser usados exclusivamente na atividade agrária, incluindo custeio da produção, investimentos, comercialização e industrialização no setor. No entanto, é importante ter atenção quanto a aplicação desses recursos. Acompanhe a reportagem de Arthur Chagas.